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quarta-feira, outubro 03, 2012

Despedida do Capitão...


Hoje, no dia da “Despedida do Capitão” multiplicam-se as palavras de reconhecimento pela enorme carreira de Nuno Manarte. A Ovarense agradece a todos as palavras e os gestos, passando a publicar dois desses exemplos:

Texto da Autoria de Henrique Gomes

“Mete o Noca, mete o Noca.”
Era um grito que soava com mais alma no velho pavilhão, do que híper apetrechado, mas gélido pavilhão atual.
Mudamos de local, mas mantivemos o apelo.
“Mete o Noca, mete o Noca “, era sintoma de que as coisas não estavam a correr bem.
Eram necessárias as nossas melhores reservas. Ir Ao âmago, á fonte.
Na verdade, O Nuno, o Noca, não tinha físico para se meter no meio daqueles hercúleos adversários, mas tinha alma.
Alma ovarense, que certamente não ganha sempre, mas que é um travo, uma característica reconhecida e apreciada até pelos opositores.
Apelar ao Nuno, era também apelar a algo mais do que o físico poderia dar, apelar a algo mais do que o treinar poderia sistematizar, era mais do que apelar a qualquer tática mais elaborada.
Havia algo extra no Nuno. Havia uma herança e um sentir ovarense que só ele sabia e podia transmitir a quem assistia aos jogos da nossa ovarense, e a toda a restante equipa.
Perdemos esse vínculo.
Há meses atrás, o Nuno confidenciou-me que iria deixar de jogar. Fez questão de mo dizer, porque achou que eu era merecedor de tal informação.
O Noca, O Nuno Manarte, terá hoje a sua festa de despedida como jogador de basquetebol.
Mudará de funções, sentando-se no banco de forma definitiva, não valendo a pena aos ovarenses gritar: “Mete o Noca, Mete o Noca”.

Texto da Autoria: Henrique Gomes

O Santa Camarão a aplaudir o Manarte




Não largo as minhas raízes, na redacção diária. Eu sou vareiro, como tantas e tantas vezes tenho dito, afirmado e subscrito. Não nasci cá, mas fiz-me filho de cá. É o meu apocalipse para o lumiar do mundo.
Hoje, esta pequenina cidade, com praça reportada pelo Henrique, com praça avivada pelas galinhas, com avenidas indagadas de rochas ao alto, com praia fria e de lume aceso no inverno, com ria nostálgica, mergulhada em lodo feio e descabido, com pão-de-ló adocicado e proclamado, com azulejo desenhado e trabalhado, com Passos vigentes de sacristia, com Matriz e Marques da Silva, com Raimundo e Dolce Vita, despede-se de um dos seus capitães. O Santa-Camarão acena lá de cima, dos lados de São Miguel, com o seu jeito duro de pedra, que lhe valeu a valentia no ringue, conquanto o nosso (penso que ele nunca se ofenderá de ser visto como nosso, de ser usurpado dessa forma) Nuno Manarte dirá um adeus, que se avizinha sentido, para uma plateia que o reconhecerá. Como sempre reconheceu, aliás.

Eu não sou alguém que abrace anos e anos na minha biografia, sou peixe miúdo nesta raia da vida, mas tenho memórias que já se desvanecem apenas em momentos nostálgicos. O Raimundo inundado de pessoas, “Inferno Vareiro”, a gritar nomes estrangeiros, a idolatrar Kris ou Nate, Joffre ou Cervantes, Turner ou Ignerski, entre tantos outros, para no fim erguer a voz, como flautas eclécticas, e fazer soprar bem alto um Noca, ou Manarte. O momento da emoção vareira, ovarense, ou o que lhe queiram chamar. Aquelas vozes que não se distinguem de grosso ou forte, que são de homens e mulheres. Não é um desporto que se vista de homem, é um desporto que se abrilhanta de pessoas, sem nome, sem idade, sem género, só com uma paixão imensa, que tão bem se retracta no nosso Noca.

Imagino um Santa Camarão, um tanto ou quanto, aturdido por esta combustão do desporto vareiro. Habituou-se à sobranceria da sua praça, que vai abrindo alas a quem desce para a cidade, que lhe sobejava a perpetuação do maior ícone de sempre, por terras roliças de afagado bairrismo, do desporto. Não deixamos de o admirar e dar a conhecer, aos novos filhos da terra, essa história que tanto nos enobrece, que eu, mesmo não sendo desse tempo, me inflamo e incho de orgulho para contar. Quem não se lembra de mencionar aquelas traineiras que lhe suportavam o peso do corpo, aqueles pés assustadoramente grandes? Pois, eu acredito que para além dessa considerável extensão de pé, ele propagava um grande coração, um coração vareiro, que lhe permitiu celebrar a Clarisse e a sua epopeica recuperação, a sua imagem de vareira devota e aguerrida, bem como humedecer o olhar e aplaudir o menino Diogo Gomes, com as suas conquistas valentes, com o seu olhar enternecido e sorriso de espaço aberto ao mundo, sempre acompanhado pela sua dedicada mãe, ou não menos nobre a conquista de Rui Romão na Canoagem. Por isto, pela sua dedicação à terra, nunca a abandonando, nem nos verões quentes, nem nos invernos rigorosos, mantendo-se sempre hirto, estará ali naquele cantinho, sem ser visto, a gritar Noca, a puxar pelo Manarte e a aplaudir uma nova etapa que se deseja de tanto, ou mais, sucesso que a anterior.

Eu, como o Santa Camarão, aplaudirei um capitão que me serviu de exemplo quando sonhava fazer do basket vida, mas que nem por isso deixou de me servir de exemplo quando deixei de acalentar esse anseio, pois manteve a sua imagem inquebrável de um Ovar grande, agigantado entre os gigantes (como o HG referia), que me fazia sempre perceber que as conquistas vêm do querer, da paixão. Ele sempre a teve de sobra, sempre a vai levar nas novas funções, por isso acho que não deveriam ser apenas as mãos empedernecidas do Santa Camarão a aplaudir e acenar coragem e força para o futuro, deveriam ser as de todos nós, vareiros ou apenas amantes de um desporto quente de emoção. O capitão merece, sorriu quando vencemos, mas também franziu os dentes quando perdemos. É desta raça que precisamos.
Um capitão, nunca deixa de ser capitão. Obrigado, Nuno Manarte.



Texto da Autoria: Ricardo Alves Lopes em http://tempestadideias.wordpress.com/

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